Degustando bons vinhos na Lombardia

Vamos descobrir um passeio degustando bons vinhos na Lombardia? Vem comigo!
Apaixonada pela boa cozinha e por um bom vinho, eu não podia faltar a este evento que acontece todos os anos no último final de semana de maio, “Cantine Aperte” (adegas abertas). Resolvemos (eu, minha família e amigos) visitar a região de Bergamo e principalmente aquela de Brescia, onde tem os vinhedos de um dos Espumantes italianos mais famosos do mundo, “Franciacorta”. Na verdade, eu queria mesmo era ter ido à região do Valpolicella, em Verona, porque tem meu vinho preferido, “Amarone”, mas nossos amigos adoram o “Spumante”, então venceu a maioria.

Bergamo está muito perto de Milão, a cerca de 60 km e a rodovia é ótima, podendo chegar em apenas 45 minutos sem trânsito. Conseguimos conhecer somente 3 adegas de diferentes vinícolas porque participamos das visitas com guias, então perdia-se de uma a duas horas em cada uma. Tudo dependia do tamanho da adega e do tempo de espera, porque se formavam os grupos e depois seguia com a visita guiada.
Na primeira adega que chegamos, nos deram um saquinho de tecido tiracolo com um cálice vazio dentro que servia para ir degustando os bons vinhos de todas as adegas que visitaríamos durante o dia do evento.

Pagando 10 euros por esse cálice, podíamos fazer degustação de vinhos em todas as adegas das vinícolas da região da Lombardia sem pagar mais nada, era suficiente mostrar o saquinho com o cálice. Após experimentar, a gente podia escolher o vinho que mais tinha gostado e compra-lo por um preço muito mais baixo do que nas lojas de bebidas.

Nossa primeira etapa, foi na província de Bergamo, na cidadezinha de Grumello del Monte, no coração do Valcalepio, região de colinas e vinhedos. A vinícola se encontra num castelo medieval, supõe-se que foi edificado no ano 1000 e construído com o objetivo de fortificação militar, dada a sua posição estratégica e a torre alta, que hoje é bem menor, pois foi necessário diminuir seu tamanho por motivo de segurança.

Aquilo que resta da sua construção original é bem pouco: a torre com o antigo ingresso, a sala dos cavalheiros e as adegas. O prédio de residência da família que mora no castelo e a capela, foram construídos por volta de 1700.

Antigo poço que servia como passagem para fora do castelo durante as invasões
 

Desde 1953, o lugar pertence à família Reschigna Kettlitz de Milão, de origem alemã, que deu novo impulso à tradição vinícola do território de Grumello com a produção de vinhos de alta qualidade. Depois da visita histórica com o guia, fomos visitar a adega com um enólogo.

Adega Castello di Grumello

A vinícola tem o mesmo nome do castelo, “Castello di Grumello”, possui 37 hectares, dos quais 20 de vinhas. Os vinhos produzidos aqui, passam pelo processo de fermentação e envelhecimento  nas seculares adegas que correm por baixo do castelo.  Adoramos o vinho Moscato de Scanzo dessa adega, delicioso, então compramos somente ele, custava 20 euros uma garrafa.

Deixamos o município de Bergamo e nos dirigimos àquele de Brescia, na cidadezinha de Timoline em Corte Franca, a pouquíssimos quilômetros do Lago Iseo. A vinícola se chama Bosio Franciacorta, abrange uma área total de 30 hectares inteiramente dentro da área do “Franciacorta DOCG.” Na década de 90, a família Bosio, de antiga origem dos Franciacorta, decidiu aventurar-se no campo do vinho, combinando a paixão pela terra com o desejo de inovar.

Adega Bosio Franciacorta

É sempre importante ficar logo amigo de quem serve o vinho…rs.

As garrafas são colocadas inclinadas para baixo para obter a segunda fermentação

Você sabe o que significa aquela siglazinha que está escrita em algumas garrafas de vinhos? Ou seja, naquelas de vinhos de qualidade?  DOC (Denominação de Origem Controlada) e DOCG (Denominação de Origem Controlada Garantida) é atribuído aos vinhos já reconhecidos DOC de pelo menos cinco anos, que são consideradas de valor especial em relação à qualidade. Um vinho para obter o reconhecimento de DOCG, precisa ter uma disciplina de vinificação e enologia mais restritiva, o que significa, um vinho de ótima qualidade, com uvas e métodos de fabricação de alto nível.

Apesar da região não ser famosa pela produção de vinhos tintos, gostamos do “Curtefranca Rosso Zeniche” de 2007, e assim compramos 2 garrafas, pagando 15 euros em cada.

Depois da segunda vinícola, já estávamos meio alegres, menos meu marido que estava dirigindo, o coitadinho experimentava bem pouquinho. O problema é que em cada adega, tinha pelo menos 3 tipos de vinhos para degustar, e não serviram muito tira-gosto, então é claro que chega uma hora que quando o álcool cai no estômago meio vazio, começa a fazer um certo efeito. Decidimos então fazer uma pausa para almoçar, mesmo porque já era tarde. Após forrar o estômago, fomos visitar uma vinícola bastante famosa, “Fratelli Berlucchi”, situada sempre no coração do Franciacorta.

Vinícola Fratelli Berlucchi
 

Fratelli Berlucchi é de propriedade de cinco irmãos: Francesco, Gabriella, Marcello, Roberto e Pia que continuam o trabalho do pai Antonio, um importante engenheiro civil e de seus antepassados. Está localizada na pequena cidade de Borgonato de Cortefranca, dentro de um antigo casarão todo de pedra onde reside também a família. Possui aproximadamente 70 hectares de vinhas DOCG e DOC que deriva apenas da matéria-prima para seus vinhos.

Tivemos que esperar uma hora e meia para conseguir entrar porque tinha muita gente, mas valeu a pena, além de termos recebido uma super lição de como é feito o Espumante, experimentamos um delicioso. Claro que não podíamos deixar de comprar, com apenas 30 euros levamos dois, “Franciacorta Brut Satèn Millesimato”.

O jardim da parte residencial era magnífico

Não vou descrever aqui tudo aquilo que aprendi, mesmo porque, foi tanta informação, que já esqueci da metade, mas algumas ficaram marcadas na minha mente e vou contar somente essa abaixo que achei super interessante:

Existem dois métodos para se obter as bolhinhas presentes no “Spumante”, uma é industrial e se chama “Charmat”, podendo obter vinhos doces e secos com um tempo medio da segunda fermentação de apenas 30 a 80 dias. A segunda fermentação do vinho, é feita em recipientes de aço enormes pressurizado. É obvio que com esse método o custo de uma garrafa de vinho também é mais baixo.

O outro método é manual e se chama  “Champenoise”, é aquele usado nas adegas que visitamos, e nosso guia da adega  Berlucchi era fantástico, nos deu uma explicação exemplar. A segunda fermentação é feita em garrafas, onde é adicionado levedura e açucar, a levedura come o açucar, produzindo dióxido de carbono e, através desse processo, nascem as bolhinhas. As garrafas são colocadas de cabeça para baixo (inclinadas, não completamente de cabeça para baixo), e duas vezes por dia, pela manhã e final da tarde, alguém tem que roda-la, mas de apena um oitavo pela manhã, o restante é feito à tarde, para completar a rodada. Quanto mais tempo o vinho fica em fermentação, melhor será sua qualidade, e com o método “Champenoise” o mínimo é de 30 meses, com um total de 36 meses a partir do início da preparação do vinho, por isso se chama Millesimato, que significa aproximadamente 1000 dias.

Adega Fratelli Berlucchi

Gostaria de deixar claro que todos os vinhos que experimentamos eram de ótima qualidade, nós escolhemos aqueles que combinavam com nossos paladares, mas é muito subjetivo, porque vai de gosto.

E se você ficou com vontade de participar (acontece todos os anos em toda a Itália no último final de semana do mês de maio), ou gostaria de saber o que acontece na Itália durante o ano inteiro no mundo do vinho, visite o site da organização do evento para ficar por dentro das novidades: movimentoturismovino.it/